Bolsista do NEABI IFRS-POA participa do COPENE Sul em Pelotas no IFSUL
Por Cristiane Gomes da Silva
A cultura negra e sua inserção em disciplinas que
fazem parte do currículo escolar no Brasil, além de relações étnico-raciais,
políticas públicas para negros, dilemas contemporâneos, entre outras temáticas,
foram discutidos do dia 24 a 27 de julho na primeira edição do Congresso de
Pesquisadores Negros da Zona Sul (Copene Sul). O evento, organizado pela
presidente da Associação dos Pesquisadores Negros da Região Sul e professora da
Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel),
Georgina Helena Nunes, foi realizado no Instituto Federal Sul-rio-grandense.
Desde 2000, a cada
dois anos ocorre o congresso nacional
para pesquisadores negros. Na última edição, realizada em Florianópolis, Santa
Catarina, foi definido que, a partir de 2013, também seriam implementados
encontros regionais no país. Em Pelotas, a organização optou por expandir um
pouco mais e promover um intercâmbio também com estudiosos de Uruguai,
Argentina e Paraguai, que estarão representados pela coordenadora da unidade
dos direitos dos afrodescendentes de Montevidéu, Beatriz Santos; o coordenador
da catedral livre de estudos afro-americanos do Instituto de Culturas Aborígenes
de Córdoba, na Argentina e a professora da Universidade Nacional de Assunção,
no Paraguai, Terezinha Juraci da Silva.
O 1º Copene Sul
teve mais de 700 inscritos, 15 universidades apoiadoras e uma programação
cultural inserida entre as mesas de debates e painéis. Em sua abertura o
congresso contou com um cortejo com tambor de sopapo, na quinta-feira ocorreram
oficinas de capoeira e de rap e na sexta estão programadas oficinas de
construção em argila, xerequê coletivo, além de roda de samba, afoxé, rap, tranças,
desenhos e outros que não pude conferir.
O objetivo do
evento era e foi aproximar a academia da comunidade negra, por isso foram
convidadas a participar as comunidades quilombolas da região, assim como
acadêmicos e interessados pela cultura afro.
O
pronunciamento da Professora Doutora Petronilha Beatriz Gonçalves Silva (UFSCAR)
na abertura do congresso foi um dos momentos mais marcantes do evento.
Petronilha – que foi a primeira negra a ocupar uma vaga no Conselho Nacional de
Educação - abordou o tema ‘Historicidade
da lei 10.639/03 e o papel do/a intelectual negro/a na educação’.
“A Lei 10. 639 para todos os brasileiros não
traz simplesmente conteúdos pra gente introduzir na sala de aula, ela
descoloniza a história do Brasil e dos afro-brasileiros. A lei exige que se
estabeleça dentro da escola um diálogo entre culturas, das diferentes visões de
mundo que estão presentes na sociedade brasileira, valorizando igualmente a
todos”, afirmou
Petronilha, relatora do parecer que regulamentou a lei 10.639 e estabelece diretrizes para o
ensino de História e Cultura Africana e Afro-Brasileira no currículo da Rede de
Ensino do Brasil.
Confira o Resumo do Trabalho apresentado pela aluna:
A
IMPORTÂNCIA DO RESGATE DA MEMÓRIA DE UM CLUBE SOCIAL NEGRO PARA A EDUCAÇÃO
Cristiane Gomes da Silva
Neste
cenário de 125 anos do evento histórico do pós-abolição, dos 10 anos da Lei 10.639/03 e dos 7 anos do Movimento
Clubista, e de afirmação da luta pela
preservação da cultura afro-brasileira, cidadania da comunidade negra e a
salvaguarda dos clubes sociais negros, é que o presente trabalho desenvolve uma
reflexão sobre o levantamento da
história e resgate da identidade da
Associação Cultural e Beneficente Seis de Maio, clube social negro do município
de Gravataí. Com esse trabalho de pesquisa e de divulgação da história
realizada por membros do clube social, escolas da rede municipal de ensino e de
Universidades, foram solicitadas parcerias para orientar atividades que abordam
a cultura afro-brasileira, principalmente para atender as DCN para a Educação
das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura
Afro-brasileira e Africana. Neste
sentido, o estudo se propõe a analisar
como se dá a relação do Clube com estas instituições de ensino colaborando para
a efetiva aplicação das leis antirracistas no município. O principal objetivo é demonstrar como o
resgate da identidade de um espaço possibilitou que escolas e instituições de
ensino passassem a perceber a importância de um clube social negro como lugar
de resistência e reduto de saberes negros.
Palavras-chaves: clubes sociais negros, educação, história,
cultura afro-brasileira, resgate da
identidade
Cristiane Gomes da Silva, Acadêmica do Curso de Licenciatura em
Pedagogia – Parfor 5º Sem., Bolsista na modalidade PIBEX – IFRS POA no Núcleo
de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas.
Cristiane Gomes da Silva, Membro da Diretoria da Associação Cultural e
Beneficente Seis de Maio – Clube Social Negro do município de Gravataí, exerce
a função de Diretora Social Gestão:
2008/2009 – 2010/2011 – 2012/2014